sexta-feira, 20 de março de 2020

UMA DESPEDIDA SEM ADEUS - O CHORO POÉTICO DO PRESIDENTE OTTOBONI

Quem acha que a mudança de casa feita pelo Formigão se deu naturalmente e sem saudosismo, está enganado. Após o último jogo do Esporte Clube São José no antigo estádio da Antonio Saes, o presidente Mário Ottoboni fez uma reflexão, que resultou num belíssimo poema, que transcreveremos a seguir:

Uma despedida sem adeus!


Este tapete, soma de encantos
que mãos calosas transplantaram um dia,
foram painéis de espertos tantos
que emolduraram quadros de alegria.

Dou-te mãos e um amplexo fraterno,
marca do afeto de gente hospitaleira...
serás lembrado e viverás eterno,
Colosso amigo, que és Martins Pereira.

Oh, meu estádio velho e sempre amado!
Ontem cedo contemplei-te demoradamente.
Senti-me só, entristecido, acabrunhado,
rápido fiz-me então presente ao ausente.

Fiquei ouvindo vozes no espaço,
era a torcida amiga, disfarçando
num alarido enorme e sem compasso.
Uma alegria triste - soluçando.

Queria ela, em tudo que consiste,
gritar bem alto pelos lábios meus.
Dizer sentida uma palavra triste,
falar chorando esta palavra: ADEUS!

São José dos Campos, 26 de novembro de 1967.


Presidente Mário Ottoboni no ato que marcou a reinstalação da placa do Martins Pereira, que havia sido removida na última reforma. (Foto: Bruno Ribeiro)


Graças ao trabalho do professor Alberto Simões este poema não se perdeu com o tempo e está registrado em seu livro "Esporte, Formigão e Águia", lançado em 1992.


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